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TRANSE(2002)

 

 

Em seu segundo espetáculo, o cênicas companhia de repertório trás para os palcos o teatro psicológico de Ronald Radde, que tem em “Transe”, seu terceiro texto, uma narrativa densa povoada por personagens que são conseqüências diretas do próprio meio e do sistema. Cinco pessoas acordam presas em um ambiente sufocante e desconhecido, onde não há portas nem entradas de ar. Conflitos, desconfianças, medos e angústias farão parte desse universo paralelo em que se encontram, sendo levados a um delírio coletivo que tomará conta dos personagens.

 

O público será levado a uma viagem pela a mente dos cinco personagens sendo conduzidos ao estado de Transe, juntamente com a ação que se passa. Ao entrar no teatro, o público estará numa ambiência de hospital – e é esse o objetivo – onde as pessoas que ali se encontram mostrem que por trás rotina de salvar vidas a cada dia, há em contraponto, uma vida suína, podre e sem sentido que todos levam. Após a entrada, o público entrará num jogo de luzes que farão parte da sonoplastia nervosa com sons de colisão de automóveis, murmúrios de multidão, emergência hospitalar, atendimento de urgência e som de eletrocardiograma acelerando. A sonoplastia é cortada por um grito de “pare”. Ao abrir as cortinas os personagens estarão chegando ao ambiente, imóveis e inconscientes e como num impulso cairão ao chão, gritando, urrando, como possessos, sentindo dores horríveis e a partir daí como que num crescente a ação e as revelações dos personagens vão levando o público a observarem o que se passa como se fosse uma experiência de laboratório, em que as cobaias são eles mesmos. O cenário é uma prisão em que divisas de uma enfermaria hospitalar são para eles como paredes compactas de um cubículo sem saídas ou entradas de ar e a sensação de amplitude do branco representa a opressão da solidão que os atinge. No figurino e maquiagem estão impressas as nuances do sobrenatural e fantasmagórico que tomará conta da ação. A ausência de cor e as túnicas hospitalares estilizadas são representações do estado de transe em que se encontram. A iluminação representa o clima sobrenatural com nuances de azul e luz negra sendo realçado pelo branco do cenário e figurino. Os personagens possuem uma movimentação alucinante num sentido coreográfico e na ambiência de hospício e em contraponto, quando eles têm suas esperanças ativadas a movimentação seus movimentos soa em câmera lenta, dando um sentido de eternidade ao ato. O espetáculo pode ser apresentado em palco convencional ou em qualquer espaço alternativo em que respeite as dimensões do cenário.

 

Cinco pessoas estranhas encerradas num cubículo onde não há portas ou entradas de ar. É nesse espaço que se desenrola a trama criada por Ronald Radde para criticar e questionar posturas sociais e emocionar o ser humano.

Acordados em meio a dores lancinantes, os cinco se debatem físico e intelectualmente entre si em busca de uma lógica para seu confinamento. Embora Jonas, um dos componentes do grupo, pareça sempre conhecer alguma verdade a mais. Ninguém sabe porque, nem para que estão aprisionados, todos levantam hipóteses muitas vezes absurdas regadas pelo desespero de não encontrarem respostas. É como se naquele momento suas vidas estivessem em suspenso pois nenhum deles, à exceção de Jonas, consegue se lembrar da última coisa que acontecera antes de ali chegar. Eis que num novo ataque de dores e urros assustadores, os personagens começam a tomar consciência dos caminhos que percorreram e da situação em que se encontram, ou seja, estão como que entre a vida e a morte. Nesse ínterim um telefone que ninguém atende do outro lado entra em cena. Todos menos Jonas disputam entre si a vez de tentar se conectar com os entes queridos. Mas é inútil; a angustia toma conta dos personagens, e cada um de sua forma explode suas dores em pequenos monólogos sofridos e cheios de culpa e ressentimento. É então que o discurso de Jonas se torna mais duro e sarcástico, admite o suicídio perante todos e violentamente argumenta contra o retorno a vida inútil e sem valor que todos os seres humanos levam, “uma vida suína”. E mesmo surge a chance de atender um telefone que parece ser a conexão entre o cubículo e o mundo vil, todos se inibem como se convencidos de que não vale mais a pena viver.

 

Ficha Técnica

 

 

Direção, cenário, figurino, maquiagem e pesquisa musical

  • ANTONIO RODRIGUES 

 

Preparação corporal

  • VAVÁ PAULINO

 

Plano de iluminação e Operação

  • ELIAS MOURET

 

Operação de Som

  • CLEYTON CABRAL

 

Contra Regras

  • SONIA CARVALHO

 

Elenco

 

JONAS – Edjalçma Freitas

ANSELMO – Antônio Rodrigues

NEIDE – Luciana Pontual

ADALBERTO – Cláudio Malaquias

LUIZA – Duvennie Pessoa

 

“Transe”, de Ronald Radde – 2002/2003– Dir. Antônio Rodrigues.

 

1. IX Mostra de Artes Cênicas de Garanhuns

2. XII FIG – Festival de Inverno de Garanhuns

3. I FENETEG 2002 – FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO DE GUAR, ABIRA

4. FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA 2003 – Mostra Fringe.

5. TEMPORADA NO TEATRO ARRAIAL – 2003

 

 

Estreou na Mostra de Artes Cênicas de Garanhuns recebendo os pricipais prêmios dentre os quais Melhor Espetáculo

TRANSE (2002)

Texto de Ronald Radde e direção Antônio Rodrigues
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