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SENHORA DOS AFOGADOS (2010)

Texto de Nelson Rodrigues e direção de Érico José
Vencedor do prêmio Myrian Munyz trabalhou os pricipios da biomecânica na construção das personagens

SENHORA DOS AFOGADOS (2010)

 

 

Alem dos 30 anos da morte de Nelson Rodrigues, 2010 marca o início das comemorações dos 10 anos da Cênicas Cia de Repertório que aprsenta seu novo espetáculo Senhora dos Afogados. A peça é a única tragédiade Nelson Rodrigues que se passa em região praieira, na qual o mar atua diretamente nos impulsos e destinosde seus personagens. Se em Álbum de Família o núcleo trágico representa a aristocracia mineira, em Senhorados Afogados, Nelson explode geograficamente o espaço trágico e constrói um espaço simbólico fiel, ao mesmo tempo, às suas temáticas autorais e à atmosfera e forma das tragédias clássicas.

A praia onde acontece a história é tão selvagem quanto os personagens que se digladiam entre seus desejos e suas e a época, segundo o próprio autor, é indefinida, isto é, um acontecimento atemporal e geograficamente inexato. Também simbólica é a imagem do tempo e da noite: tudo acontece durante a noite, entrando madrugada a dentro e se desfechando na aurora. Toda uma existência se condensa em poucas horas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Palavras do diretor

 

 

          Senhora dos Afogados é um de seus textos mais poéticos, contundentes e difíceis em termos deencenação teatral. Para os atores também, pois é preciso trabalhar em cima de sutilezas, de nuances, deverdade interior. O convite da Cênicas Cia. de Repertório foi para um projeto maior que uma montagem. A proposta era que a criação e o processo de um espetáculo servisse como um processo de formação de atores. E assim foi, na medida do possível. Através de técnicas específicas de atuação focadas nas ações físicas, encaminhei os atores a um tipo de interpretação que fundamentaria a criação e relação das personagens rodriguianas.

 

            A proposta de encenação deste espetáculo pretende construir uma ambientação que condense essa atmosfera trágica no ritmo e movimento do mar, em suas fases de maré baixa e alta, de calmaria e violência, introduzindo o público no espaço da ação para criar uma proximidade ideal ao processo de catarse que Nelson Rodrigues imprime em sua obra.

           

            O próprio texto de Nelson Rodrigues sugere uma composição, tanto em termos cênicos como interpretativos, que oscila entre uma mobilidade pulsante de personagens e imagens, como em movimentos muitos precisos e concatenados. Poderíamos mesmo dizer, coreografados, o que demonstra a atualidade e o potencial expressivo do autor e sua familiaridade com o universo em que se expressava.

 

            É o Nelson autor e encenador que constrói de forma altamente dramática todos os ambientes, nuances e proposições cênicas de sua obra, inferindo uma organicidade extraordinária em sua produção literária que inspira e auxilia a equipe em seus encaminhamentos poéticos.

            Portanto, este universo dramático será perseguido, sobretudo no trabalho do ator enquanto elemento propulsor da criação teatral. Toda uma experimentação envolvendo contensão física e expansão energética será a mola mestra de um corpus interpretativo que desenvolva no ator a apropriação da atmosfera trágica, da construção de personagem e de uma relação intensa com o público.

            Outra perspectiva clara no processo encenatório é a disparidade entre o mundo dos Drummond, representantes de uma aristocracia e de um entorno social privilegiado e o mundo do cais, da rua, da prostituição.

            Nelson também deixa evidente esta análise crítica das diferenças sociais existentes não só no Brasil, mas em todas as partes do mundo, como atuantes diretas de um conflito nodal da existência humana. Por isso a complexidade de sua abordagem dramática: o simbólico, o trágico e o social se entrelaçam numa teia na qual os abusos de poder são revelados e as pulsões desmascaradas.

            Não é a toa que o autor se utiliza das máscaras em seus coros, recurso metateatral e ao mesmo tempo revelador de sutilezas entre claro e escuro, entre simulacro e revelação, símbolo máximo das relações sociais e psíquicas que compõem o ser coletivizado.

 

FICHA TÉCNICA

 

Texto: Nelson Rodrugues

Encenação e treinamento de ator: Érico José

Assistência de encenação: Edjalma Freitas

Atores: Alcides Córdova, Alexandre Guimarães, Ana Souza, Antônio Rodrigues, Bruna Castiel, Lane Cardoso, Luciana Barbosa, Sonia Carvalho,Vanessa Lins e Vinícus vieira

Oficina para atores “Da energia à ação”: Joice Aglae

Análise ativa do texto: Joice Aglae e Érico José

Estrutura Cênica: George Cabral

Assistencia de Cenografia e adereços: Altino Francisco

Cenotécnico: Marcos

Figurinos: Marcondes Lima

Confecção dos Figurinos: Maria Lima

Maquiagem: Gera Cyber

Barba de Misael: Márcia Elias RJ

Desing de Luz e Operação: Luciana Raposo.

Desing Gráfico: Alexandre Siqueira

Preparação Corporal: Mírian Asfora

Preparação Vocal,Trilha Sonora e Desing de Som: Adriana Milet

Operação de Som: Juliana Garrafinha.

Gerência de Produção: Antônio Rodrigues

Produção Executiva: Valdemir Rodrigues

Administração Financeira: Sonia Carvalho

Realização: Cênicas Cia de Repertório.

 

www.diariodesenhora.blogspot.com

www.cenicascia.blogspot.com

 

“Senhora dos Afogados” de Nelson Rodrigues, 2010 – Dir. Érico José.

  • VENCEDOR DO PRÊMIO MÍRIAN MUNIZ DE TEATRO.

  • ENSAIO ABERTO NO SEMINÁRIO DE CRÍTICA TEATRAL 2010

  • TEMPORADA TEATRO HERMILO BORBA FILHO – SET/OUT 2010.

  •  XIII FESTIVAL NACIONAL DE TEATRO DO RECIFE 2010.

  •  JANEIRO DE GRANDES ESPETÁCULOS 2011 - Prêmio Atriz\ Revelação.

 

 

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